A guerra dos EUA contra o Iraque: A destruição de uma civilização
por James Petras
Introdução
A guerra e ocupação do Iraque pelos EUA, que já dura há sete anos, é ditada por várias importantes forças políticas e serve uma série de interesses imperialistas. Mas esses interesses não explicam, só por si, a profundidade e o âmbito da maciça e prolongada destruição, que continua, de toda uma sociedade e a sua redução a um permanente estado de guerra. A gama de forças políticas que contribuiu para o desencadear da guerra e a subsequente ocupação americana, incluem as seguintes (por ordem de importância): (...)
...A estratégia militarista de conquista e ocupação foi traçada para instaurar uma presença militar colonial a longo prazo, sob a forma de bases militares estratégicas com um significativo e prolongado contingente de conselheiros militares colonialistas e unidades de combate. A brutal ocupação colonialista de um estado laico independente, com uma forte história nacionalista e infra-estruturas avançadas, com um sofisticado aparelho militar e policial, amplos serviços públicos e uma literacia muito alargada, conduziu naturalmente ao desenvolvimento de uma série de movimentos, militantes e armados, contra a ocupação. Em resposta, os funcionários coloniais americanos, a CIA e as organizações de defesa e informações conceberam uma estratégia de 'dividir para reinar' (a chamada 'solução El Salvador' associada ao ex-embaixador e antigo director da National Intelligence, John Negroponte), fomentando conflitos armados com uma base sectária e promovendo assassinatos inter-religiosos para debilitar quaisquer esforços no sentido de um movimento unificado, nacionalista e anti-imperialista. O desmantelamento da burocracia civil laica e das forças armadas foi traçado pelos sionistas da administração Bush para reforçar o poder de Israel na região e para encorajar a subida de grupos islâmicos militantes, que tinham sido reprimidos pelo deposto regime baathista de Saddam Hussein. Israel já dominava esta estratégia: inicialmente patrocinara e financiara grupos militantes islâmicos sectários, como o Hamas, em alternativa à Organização de Libertação da Palestina, laica, e montara o cenário para a luta sectária entre os palestinos.
(...) Aviso ao Irão
A invasão e ocupação americanas e a destruição duma civilização moderna, científico-cultural, como a que existia no Iraque, é um prelúdio do que o povo do Irão pode esperar se e quando ocorrer um ataque militar EUA-Israel. A ameaça imperial aos fundamentos culturais e científicos da nação iraniana esteve totalmente ausente do discurso de protesto dos estudantes iranianos e das suas ONGs financiadas pelos EUA durante as manifestações de protesto da 'Revolução do Baton' a seguir às eleições. Os estudantes deviam ter presente que, em 2004, iraquianos instruídos e sofisticados em Bagdad se consolavam com um optimismo fatalmente deslocado de que 'pelo menos não somos como o Afeganistão'. Essa mesma elite encontra-se hoje em sórdidos campos de refugiados na Síria e na Jordânia e o país deles parece-se mais com o Afeganistão do que outro qualquer no Médio Oriente. Cumpriu-se a promessa arrepiante do presidente Bush em Abril de 2003 de transformar o Iraque na imagem do 'nosso recém libertado Afeganistão'. E as notícias de que os conselheiros da administração dos EUA analisaram a política do Mossad israelense para assassínio selectivo de cientistas iranianos deviam levar os intelectuais liberais pró-ocidentais de Teerão a ponderar seriamente a lição da campanha criminosa que praticamente eliminou os cientistas e académicos iraquianos durante 2006-2007.
Conclusão
O que é que os Estados Unidos (e a Grã-Bretanha e Israel) ganham em instaurar no Iraque um regime cliente retrógrado, com base em estruturas medievais etno-clericais e sócio-políticas? Primeiro e acima de tudo, o Iraque passou a ser um posto avançado para o império. Em segundo lugar, é um regime fraco e atrasado incapaz de desafiar o domínio económico e militar israelense na região e que não está interessado em pôr em causa a limpeza étnica em curso dos nativos árabes palestinos de Jerusalém, da Margem Ocidental e de Gaza. Em terceiro lugar, a destruição dos alicerces científicos, académicos, culturais e legais de um estado independente traduz-se numa dependência crescente das corporações multinacionais ocidentais (e chinesas) e das suas infra-estruturas técnicas – facilitando a penetração económica imperialista e a exploração.
por James Petras
Introdução
A guerra e ocupação do Iraque pelos EUA, que já dura há sete anos, é ditada por várias importantes forças políticas e serve uma série de interesses imperialistas. Mas esses interesses não explicam, só por si, a profundidade e o âmbito da maciça e prolongada destruição, que continua, de toda uma sociedade e a sua redução a um permanente estado de guerra. A gama de forças políticas que contribuiu para o desencadear da guerra e a subsequente ocupação americana, incluem as seguintes (por ordem de importância): (...)
...A estratégia militarista de conquista e ocupação foi traçada para instaurar uma presença militar colonial a longo prazo, sob a forma de bases militares estratégicas com um significativo e prolongado contingente de conselheiros militares colonialistas e unidades de combate. A brutal ocupação colonialista de um estado laico independente, com uma forte história nacionalista e infra-estruturas avançadas, com um sofisticado aparelho militar e policial, amplos serviços públicos e uma literacia muito alargada, conduziu naturalmente ao desenvolvimento de uma série de movimentos, militantes e armados, contra a ocupação. Em resposta, os funcionários coloniais americanos, a CIA e as organizações de defesa e informações conceberam uma estratégia de 'dividir para reinar' (a chamada 'solução El Salvador' associada ao ex-embaixador e antigo director da National Intelligence, John Negroponte), fomentando conflitos armados com uma base sectária e promovendo assassinatos inter-religiosos para debilitar quaisquer esforços no sentido de um movimento unificado, nacionalista e anti-imperialista. O desmantelamento da burocracia civil laica e das forças armadas foi traçado pelos sionistas da administração Bush para reforçar o poder de Israel na região e para encorajar a subida de grupos islâmicos militantes, que tinham sido reprimidos pelo deposto regime baathista de Saddam Hussein. Israel já dominava esta estratégia: inicialmente patrocinara e financiara grupos militantes islâmicos sectários, como o Hamas, em alternativa à Organização de Libertação da Palestina, laica, e montara o cenário para a luta sectária entre os palestinos.
(...) Aviso ao Irão
Conclusão
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