Trilhos do campo de concentração no Nordeste brasileiro |
Trilhos campo de concentração em auschwitz |
Pelo campo de concentração do Crato passaram cerca de 65 mil pessoas durante aquela estiagem. Ali, o governo prometia comida, água, assistência médica e oferta de trabalho. Pouco disso, no entanto, acontecia.
—Não havia água tratada, nem comida para todos e muita gente morria de fome ou doença e era sepultada ali mesmo. O campo se tornou um foco de tudo o que é infecção. Em alguns dias, o número de mortes de famintos alcançava a marca de milhares. Há registros de pelos menos outros cinco currais no estado do Ceará, localizados em Quixeramobim, Senador Pompeu, Cariús, Ipu, Quixadá e o último nos arredores de Fortaleza, como derradeira tentativa de evitar que os famintos convivessem com a população da capital.
"Eram locais para onde grande parte dos retirantes foi recolhida a fim de receber do governo comida e assistência médica. ― Dali não podiam sair sem autorização dos policiais inspetores do campo. Havia guardas vigiando constantemente o movimento dos concentrados. Ali ficavam retidos milhares de retirantes a morrer de fome e doenças’’, diz a historiadora Kênia Rios, da PUC-SP.
—A segregação dos miseráveis era lei, mas chegou um momento em que o flagelo em massa era tão chocante, com uma média de 150 mortes diárias, que o governo do Estado ordenou, em 18 de dezembro 1915, como contam os arquivos dos jornais da época, a dispersão dos flagelados, ou “molambudos” como eram também conhecidos.
—As estatísticas oficiais, que não conseguiam abarcar todos os alistados nos “currais”, dão conta de 73918 “molambudos” nas seis áreas de confinamento – 6507 em Ipu; 1 800 em Fortaleza; 4 542 em Quixeramobim; 16 221 em Senador Pompeu; 28648 em Cariús e 16200 no Crato, conforme uma das melhores fontes sobre o assunto, o livro Campos de Concentração no Ceará – Isolamento e Poder na Seca de 1932, de Kênia Rios.
—Um sobrevivente da segregação é Antonio Siqueira da Silva, de 90 anos, que tinha 18 anos quando foi “jogado” com a família – pai, mãe e mais 12 irmãos – no “curral dos flagelados” do Crato. A família havia mudado do município de Quebrangulo, terra do escritor Graciliano Ramos, para Juazeiro do Norte, cidade hoje emendada ao Crato, em 1930. “A gente veio por causa dos milagres do meu padim Ciço. Só se falava nas obras do ‘meu padim’ por esse mundão todo afora.
—Ai meu pai pegou a penca de menino botou em cima dos burros, e chegamos aqui em Juazeiro, Seguidor do padre Cícero, Lourenço (1872-1946), pois lá nas Alagoas não tinha mais como viver que preste”, diz Silva, em depoimento para o projeto Nova Geografia da Fome, do Centro Cultural Banco do Nordeste. “Chegando aqui o meu padim nos botou lá no sítio do beato Zé Lourenço, onde tinha muita fartura. O mundo todo sem nada para comer e o beato lá dando de comer a todo mundo, até irrigação já tinha.”
—Conhecida como o Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, a comunidade foi destruída e bombardeada – a primeira vez que as Forças Armadas usaram aviões para um massacre no Brasil – em 1937, por ordem do ministro da Guerra Eurico Gaspar Dutra, durante o governo de Getúlio Vargas.
—O poder central, insuflado pelas autoridades cearenses, temia que o beato pudesse transformar o seu vilarejo em mais um Canudos, episódio que ainda assombrava os militares e a “nobre” elite cearense.
A nossa história que ainda são desconhecidas para a maioria da população.
E por causa dela, muito sofrimento já aconteceu.
• Lembranças do cárcere
Arco Íris no sertão nordestino trazendo luz às vítimas dos flagelos.Em Senador Pompeu, esta triste memória permanece viva graças ao misticismo das pessoas que acreditam que as almas sofridas, enterradas no improvidado "cemitério da barragem" atendem a pedidos e fazem milagres.
Dona Luíza lembra aqueles tempos: “O governo prometia assistência, mas os flagelados dormiam ao relento” rodeados pelos urubus . O cemitério está preservado como antigamente e, no Dia de Finados, recebe todos os anos uma procissão em memória daqueles que ali padeceram.
“O sofrimento era muito grande”, recorda-se Luíza Lo, 92 anos, uma das poucas sobreviventes desse drama que marcou a cidade.Na época, cerca de 3 mil sertanejos chegaram de várias partes do Nordeste e ocuparam uma vila operária erguida pelos ingleses, que construíram o açude municipal. “Durante semanas, caminhamos 16 léguas (105 km) no sol quente até chegar aqui”, conta Luíza.
—O governo prometia assistência, mas os flagelados dormiam no chão ao relento. Vestiam sacos de estopa e tinham os cabelos raspados. De alimento, recebiam a pior parte. “Muitas vezes, era um ensopado só de osso, além de um mingau que parecia uma goma”, lembra a sobrevivente.
—Alimentos e doações chegavam das grandes cidades pela linha férrea. “Os chefes e os guardas ficavam com a melhor parte”, diz Luíza. Ela conta que era difícil dormir à noite com o choro sofrido das famílias: “Era um barulho pior do mundo”. Muitas pessoas morriam de fome e cólera e eram enterradas em valas comuns.
Açude do Patu resistem em meio à paisagem árida
A história das secas que castigam [.] a população do Nordeste desde pelo menos 1877, deixou um rastro de tragédias e mortes assombroso.
—Nunca foi feito um levantamento a respeito dos números de nordestinos que perderam as vidas por causa da fome nestes períodos.
—Os levantamentos parciais, no entanto, são assustadores. Somente entre 1877 e 1913, portanto ainda sem os números da seca de 1915, o governo federal, por intermédio do IOCS estimava que 2 milhões de pessoas haviam morrido em conseqüência da miséria nas estiagens. Pouco mais de 100 anos depois, a equipe do livro Genocídio do Nordeste (organizado pela Comissão Pastoral da Terra e o Ibase, entre outras organizações) repetiu o desafio de contar as vítimas da seca e chegou ao número de 3,5 milhões de mortos somente no período entre os anos de 1979 e 1984.
Só o Piauí abriga um volume de águas subterrâneas quatro vezes maior que a Baía de Guanabara.Mas os projetos para aproveitá-las estão engavetados
"Nos últimos vinte anos, o geólogo João Alberto Bottura, pesquisador da seção de Águas Subterrâneas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas paulista, trabalhou em cerca de vinte projetos de estudos de águas subterrâneas hídricos disponíveis”, afirma Bottura. “O que falta é a decisão política de aproveitá-los".
A certeza de que não falta água no Nordeste não é nova.
—Em 1984, o Projeto Radam, do Ministério das Minas e Energia, constatava através de sensoreamento remoto a existência de um potencial de 220 bilhões de metros cúbicos de água nas áreas mais afetadas pelas secas.
—Desse total, 85 bilhões de metros cúbicos estavam na super-fície da terra e 135 bilhões subterrâneas, sendo 15 bilhões em rochas cristalinas.
Pelas maldades já praticadas, levo a pensar que esta classe dominante está utilizando à água das regiões Sul do Brasil, para na falta d’ água colocar-nos também em campos de concentração para não alcançarmos o nordeste pernambucano em busca da água doce.
Enfim, de onde veio, surgiu, apareceu... esta “elite” que expropriou o Nordeste de forma tão perversa, comprometendo a República, a Nação, e a Soberania Brasileira?
fonte para você ler tudo e muito mais:http://protogenescontraacorrupcao.ning.com/profiles/blogs/campos-de-concentracao-no
sinto muito me perdoe te amo sou grato
VEJAM TAMBÉM
4 comentários:
Tantos Holocaustos autênticos por esse mundo fora e só se fala do falso!
Vejam matéria e fotos do making off das filmagens para o documentário sobre CALDEIRÃO DA SANTA CRUZ DO DESERTO, a comunidade que foi aniquilada, a exemplo de Canudos, por balas e bombardeios aéreos. Leia, Comente e divulgue: http://valdecyalves.blogspot.com/2010/09/caldeirao-de-santa-cruz-do-deserto.html
Prezados, O Blog apresentado está "em manutenção" portanto apresento outro blog com as mesmas postagens.
http://mudancaedivergencia.blogspot.com/2010/07/campos-de-concentracao-no-nordeste.html
Canudos:
http://mudancaedivergencia.blogspot.com/2010/07/osherdeiros-dos-bandeirantes-paulistas.html
Caldeirão:
http://mudancaedivergencia.blogspot.com/2010/07/genocidio-no-ceara-ocorrencias-que.html
Abraços,
SOU GRATO A TODOS OS COMENTARISTA. QUE A PAZ INFINITA SEJA NOSSA ABENÇOADA RAZÃO DE EXISTÊNCIA.
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