O muro de Berlim e o cinismo
CUAUTÉMOC AMEZCUA DROMUNDO*
Tremenda campanha montaram as potencias capitalistas em torno dos 20 anos da queda do Muro de Berlim. Asseguram que esse fato significou a vitória das liberdades sobre a tirania. O esbanjamento para difundir tal mensagem não teve limites. Só que a mensagem é falsa; e a campanha tão escandalosa persegue fins tortuosos.
As potencias imperialistas, campeãs das liberdades humanas? Desde quando? Todas elas apoiaram as ditaduras militares da América Latina, que suprimiram as garantias individuais, a vida democrática, e mandaram ao exílio dezenas de milhares de lutadores patriotas e revolucionários, e encheram com muitos outros milhares, as masmorras. Muitas destas coisas ocorriam de maneira mais ou menos simultânea com os fatos que essas potências comemoram hoje, com bumbos e cornetas, e jamais as denunciaram. Todas essas potências apoiaram os governos sionistas de Israel, em sua permanente política agressiva e persecutória contra o povo palestino. Essas mesmas potências são as culpadas pela fome e pelas terríveis doenças endêmicas que padecem os povos da África; elas exploraram esses povos de maneira impiedosa, e saquearam suas riquezas; usaram seus exércitos para, a sangue e fogo, tratar de impedir sua libertação, encarceraram e assassinaram seus mais conotados lutadores independentistas. E elas, umas mais que outras, têm sido cúmplices do criminoso bloqueio do imperialismo ianque contra Cuba, a pátria de Martí, de Fidel, de Raúl, do Che e de Camilo. Desde quando se interessam por defender a democracia e os direitos humanos? Sua sem-vergonhice aviva a mais justificada indignação!
Estão contra os muros, porque estes dividem os povos e cortam seu direito ao livre transito? Se assim fosse, por que sua cumplicidade com o governo de Israel, que construiu esse muro ignominioso, contra o irmão povo palestino? Por que, o dos Estados Unidos, constrói um imenso muro na fronteira com o México? Por que, a polícia migratória norte-americana assassina os mexicanos que tentam atravessar essa fronteira, sem papéis, em busca de trabalho? Os trabalhadores migrantes mexicanos mortos por essa política desumana supera em muito os que morreram em torno ao tão escandalosamente propagandeado Muro de Berlim, este é um fato amplamente documentado, por que não levantam suas vozes de protesto os governos da Europa, ante semelhantes atrocidades?
Nada, toda esta campanha em torno dos 20 anos da queda do muro, é uma farsa grotesca, só isso, sem pitada de verdade. O Muro de Berlim foi outra coisa, em nada equiparável ao que levanta Israel contra o povo palestino, nem ao que constróem os Estados Unidos contra os trabalhadores mexicanos; estes sim são criminosos, aquele nunca o foi. Aquele teve um caráter defensivo, não ofensivo, como esses, dos imperialistas e dos sionistas; quis proteger à República Democrática Alemã, que teve enormes conquistas sobre as que não é o momento de se espraiar, nem de falar de suas falhas, já o faremos em outra ocasião -, dos ataques fascistas, das provocações imperialistas e dos tanques de guerra da OTAN. Mas em torno do Muro de Berlim sempre houve uma campanha, há 20 anos e desde muito antes, como agora. Há muito se criou o mito, a montagem tortuosa, parte da eterna propaganda anticomunista; uma ação para maquiar o imperialismo, para esconder suas repugnantes chagas purulentas sob custosas massas de cosméticos; para dar dele a falsa imagem de um sistema humanista, preocupado pelos direitos e as liberdades, que em nada se assemelha à sua realidade. Um moderno Retrato de Dorian Gray que ambicionara ocultar o rosto verdadeiro do sujeito que é corrupto e imoral, à semelhança do relatado por Oscar Wilde.
10 de novembro de 2009
*presidente do Partido Popular
Socialista, PPS, do México
sintomuito meperdoe teamo sougrato
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