Jovem Juan: Tudo deu errado
Por Fabio Nogueira, 14.07.2011
A morte de Juan Marques, menino de 11 anos que estava desaparecido desde o final de junho, mobilizou toda opinião pública, mas parece que nossas autoridades não perceberam o problema. Talvez pelo fato de ele ter nascido na Baixada Fluminense, ser morador de periferia e negro, fecharam os olhos para seu caso.
Para Juan, tudo deu errado. A polícia começou a investigar dez dias depois do seu desaparecimento. O irmão foi acusado de ser marginal pela polícia e estava num leito de hospital algemado junto com outros bandidos, sendo tratado como tal e somente solto por ordem judicial desfazendo a primeira mentira lançada pela polícia.
Enquanto isso, o delegado não movia uma palha sequer para mostrar serviço. Somente quando a imprensa entrou no caso a ficha caiu. É bom destacar o apoio da Comissão de direitos humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), por meio dela a família de Juan conseguiu proteção pela certeza de ser a próxima vítima.
A chefe da polícia civil, Marta Rocha, não responsabilizou a corporação pela demora, fez vista grossa para o caso. Idêntico foi o silêncio do Comandante geral da PM, Mário Sergio Duarte, e do Secretário de segurança José Mariano Beltrame. O Governador Sérgio Cabral, esse então deixou a desejar e muito.
Por fim, como já era de se esperar, Juan foi encontrado morto, jogado num rio podre e como pobre. Desgraçado até depois da morte, uma perita confundiu o seu corpo afirmando que era de uma menina.
Ele está dentro daquele perfil de morador de periferia: negro, pobre e favelado. Sustenta aquilo que as Nações Unidas relataram há muito tempo: o assassinato de jovens, e em sua maioria negros. Essa afirmação tem somente um nome: Extermínio.
O documentário de Carlos Pozzato, intitulado Entre muros e Favelas, nos mostra como é a relação entre a policia e os moradores de favelas e como são tratados pelas nossas autoridades. Este documentário encontra-se no youtube.
Se a criança fosse de classe média com certeza haveria uma organização e sairiam pelas ruas da zona sul pedindo justiça e paz, mas como não é ela está muito mais preocupada com suas vaidades e privilégios.
Juan não será o último, muitos iguais a ele, infelizmente, devem morrer pelas mesmas circunstâncias de maneira tão estúpida e selvagem.
O quê será da família de Juan agora? Vai viver sem rumo? Não terá mais referências de si mesma, trocando de nomes e lugares?
Exigimos muito mais que somente a justiça, queremos que o Estado cumpra com o seu dever de punir severamente esses marginais travestidos de Polícia Militar (PM) e a corporação faça pelo menos um pedido de desculpas publicamente.
A Juan, somente desejamos que descanse em paz!
(*) Fabio Nogueira é coordenador de núcleo de pré-vestibular comunitário e militante da educafro.
SINTO MUITO ME PERDOE TE AMO SOU GRATO
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