A invenção do grito A imagem mais conhecida da Independência mostra d. Pedro às margens do Ipiranga. Mas o acontecimento nem sequer era comemorado no início do Império. 7 de setembro foi mesmo o dia em que rompemos com Portugal?
Pedro Américo
Em 1826, no entanto, a publicação do testemunho do padre Belchior Pinheiro Ferreira incluiu a data de 7 de setembro no calendário de festividades da Independência. O relato dava forma e voz à reivindicação paulista de ter sido o palco dos principais acontecimentos que levaram à ruptura com Portugal. Graças a ele, o episódio do “Grito” ganhou força na imaginação popular, e se difundiu à medida que a importância política e econômica de São Paulo foi crescendo no cenário do país.
Debret retrata a aclamação
O relato do padre Belchior também enfatizava a atuação de d. Pedro I, mostrando-o não somente como o legítimo herdeiro dos Bragança e, portanto, como o elo que possibilitaria a continuidade na mudança, mas como um herói, capaz de tomar o destino do país em suas mãos. Porém, essa dimensão da narrativa do padre permaneceu inexplorada ainda por algumas décadas, explicitando-se inteiramente apenas no final do século, na famosa obra de Pedro Américo. Um outro quadro intitulado Proclamação da Independência, realizado em 1844 pelo artista francês François-René Moreaux, revela como ainda naquele momento a afirmação do direito natural de d. Pedro I ao trono brasileiro impunha-se como preocupação central. O príncipe é representado ao entrar na cidade de São Paulo. Ele está cercado de figuras do povo e levanta seu chapéu em sinal de saudação. Em sua mão direita traz uma carta, provavelmente contendo as notícias vindas de Lisboa – que o motivou à decisão de romper os laços com Portugal. A obra permaneceria na sala do Senado por longos anos, podendo ser vista como uma imagem quase oficial do memorável evento.
A ênfase da composição, no entanto, não está na ação heróica de d. Pedro. Tanto o príncipe, quanto diversas figuras que o acompanham, dirigem seus olhares para o céu, de onde desce um raio de luz que ilumina a cena. Nesta representação, não está em jogo a habilidade política de d. Pedro, tampouco seu caráter ou capacidade de liderança. A imagem vincula o evento à providência divina, diminuindo com isso o tom heróico e voluntarioso da figura do príncipe e reafirmando a legitimidade dos herdeiros da casa de Bragança ao trono do futuro império tropical. Neste aspecto, a obra tem mais em comum com as imagens da Aclamação e da Coroação de Debret, do que com Independência ou Morte! de Pedro Américo. Para que a ação de d. Pedro se tornasse o tema central da obra de Pedro Américo foram necessárias mais de quatro décadas de transformações políticas e culturais. (fonte)
5 comentários:
Aldo
Boa tarde
Muito interessante e esclarecedora essa matéria.
E, fico pensando, se hoje, que já dispomos de alguma maneira de meios para confrontar as "estórias" que os senhores da casa grande querem apresentar como verdade ao pessoal da senzala (nós), imagina naquele tempo.
Grande abraço
E quase 200 anos depois, Portugal é o país da União Europeia com maiores desigualdades sociais, e o Brasil idem...
Abraço
Caros amigos, muito bom ouvi-los. O Incrível é que continuamos todos iludidos e analfabetos. Na época desse fato, século XVIII/XIX, menos de 19% da população "branca" sabia ler ou escrever, só advogados , tabeliães, ""escrevedores" de cartas... Ao resto,os senzalados, negros, índios, mulatos e brancos pobres homens e mulheres era proibido alfabetizar, pois ainda hoje é muito perigoso este saber. A midiocracia universalmente oculta e promove a destruição da verdade.
Sou grato.
HOJE A NOITE, EH ANO NOVO JUDAICO, GOSTARIA DE DESEJAR AOS MEUS AMIGOS DESTE BLOG UM FELIZ ANO NOVO, E QUE DEUS PERMITA QUE VOCES CONTINUEM A VER O SUCESSO DO POVO DE ISRAEL....................SHANA TOVA A TODOS.................
Por que não o sucesso dos povos do mundo todo? O Deus só tem olhos de "amor" para o sucesso do povo de Israel?
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